Tudo bem, a cerveja era péssima, o rótulo não era lá grandes coisas e a publicidade impressa era bem meia boca. Mas os filmes publicitários da Malt 90 marcaram época. Não há quem tenha vivido os anos 80 que não se lembre desse comercial e, principalmente, desse jingle. O que diz o texto publicitário: "Senhores passageiros do vôo 1040 Atenção à chamada para a fila de espera Número três Número quatro Número cinco seis Número sete Próxima chamada em 30 minutos Olha Olha só o que está te esperando
A arte de conjugar bebidas e comidas corretamente é conhecida como "harmonização". É no mundo dos vinhos que a harmonização encontra mais entusiastas, e chefs esommeliers ao redor do mundo quebram a cabeça para encontrar as combinações perfeitas. São muitos os fatores que influenciam na harmonização - tipos de carne, temperatura, especiarias, modo de preparo e, em um caso muitíssimo especial, publicidade.
Em 1991, surgia um dos jingles mais cantados e lembrados de todos os tempos: o "Pipoca e Guaraná". A campanha foi criada pela DM9DDB e produzido pela MCR. A criação do jingleé de Campa, Mineiro e Brunetti.
Desde então, pipoca harmoniza-se com Guaraná. E ponto. A ideia de fato é perfeita. Primeiro, o sabor salgado da pipoca, que remete imediatamente à sede. Depois, umGuaraná bem gelado, de sabor mais adocicado do que o da grande concorrente Coca-Cola e, portanto, um excelente contraponto ao excesso de sal da pipoca. Junte-se um jinglemagistralmente produzido e executado, e temos um dos maiores cases da publicidade brasileira.
No ano 2000, apenas algumas semanas antes da proibição da publicidade de cigarro na mídia, foi ao ar um dos mais caros e ousados comerciais de cigarro da história da TV brasileira. Criada pela agência Ogilvy, a produção da peça ficou a cargo da prestigiada Conspiração Filmes - responsável pela série Mandrake e por filmes como 2 Filhos de Francisco, Casa de Areia e Surf Adventures, além de centenas de comerciais.
O filme publicitário teve ainda direção das cineastas Daniela Thomas (Linha de Passe, O Primeiro Dia, Terra Estrangeira) e Carolina Jabor (O Mistério do Samba). A peça da Ogilvy tinha tudo para fechar com chave de ouro a longa história dos comerciais de cigarros na televisão... tinha.
Uma decisão da 4ª Vara Cível de Brasília não apenas tirou a propaganda do ar como condenou a Souza Cruz, detentora da marca Free, a pagar uma multa de R$ 14 milhões. Tudo por causa da inserção de dois frames com imagens de pessoas fumando, com menos de 0,3 segundo cada, o que foi considerado "propaganda subliminar". Também pesou na decisão o fato de o texto da propaganda induzir a um consumo irresponsável - "certo ou errado" seria uma menção ao hábito de fumar e "arranhão" seriam os possíveis malefícios do cigarro.